segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Eu, anomalia.



Já havia um tempo que eu o observava. Ás vezes encontrava-o no mercado, na saída do colégio ou até mesmo no ponto de ônibus. Sempre o achei bonito. Tinha uma beleza considerável, porém, não era uma beleza que agradava a todos. Mas me agradava. Certo dia, peguei um ônibus para retornar a minha casa. Felizmente, ele sentara na minha frente. Cansada e sem nada para fazer, comecei a observá-lo. Era tímido, doce e medroso. Tinha medo de olhar para as pessoas. Era como se previsse o que elas diriam sobre ele. Não entendia. Por mais estranho que poderia ser, as pessoas não o julgariam apenas por sua aparência. Não era uma aberração. Chegava a ser desejável. Quando estávamos chegando ao final da viagem, o seu celular tocou. Esperei ansiosamente a hora em que ele atendesse o telefonema para que eu ouvisse a sua voz.
- Oi mãe! Aham... Sim já cheguei. Tá bom – disse ele- Thau.
Aquilo me chocara. O rapaz havia uma espécie de deficiência na língua, na qual ele tinha muita dificuldade de falar. Era muito difícil compreender aquilo que ele falava. Meu coração me trouxe um sentimento de pena. Agora, sabia o significado do olhar medroso. Talvez, eu estivesse sendo muito sentimental. Talvez, mesmo com sua dificuldade, ele seria mais feliz que eu. Até agora, não entendi meu sentimento de dó. Ou, até mesmo, nostalgia. Provavelmente, é a mania de querer encontrar a perfeição.

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