quinta-feira, 25 de outubro de 2012

# 05 Revê


Depois do resgate, finalmente conseguimos sair daquele lugar. Buig tirara a blusa para vestir minha irmã que estava completamente nua. Ela ainda estava desacordada quando chegamos em casa. Coloquei - a em sua cama para que minha mãe a tratasse, enquanto agradecia a Buig.
- Obrigado. Foi muito gentil e corajoso da sua parte.
- De nada Matt. Os Taigã não poderiam continuar com aquele ritual. Se eles não o fizessem com sua irmã, com certeza fariam com outra pessoa. Quando entrei na seita, queria buscar um sentido para vida. Quando cheguei a um alto nível, comecei a descobrir a verdade.
- Hum.. E o que você vai fazer agora?
- Bom, não sei. Estou pensando em voltar para o país onde eu nasci. Afinal, lá, tenho minha família, amigos e nenhum louco canibal. - Disse Buig entre risos.
- Entendi. Foi muito bom te conhecer. Serei grato eternamente. Visite-nos sempre hein!?
- Pode deixar amigão.
Buig me deu um abraço e foi embora. Não saberia se iria encontra-lo um dia, mas ele sempre estaria no meu coração.


***

Mais tarde, fui ao quarto da minha irmã ver como estava. Já havia acordado, porém estava com muita dor de cabeça e pediu que eu saísse e desse uma volta para esfriar a cabeça, pois já havia feito muito por ela. Decidi obedecer, por que estava precisando mesmo. Tudo aquilo era muito confuso. Talvez eu tivesse um chamado mesmo - chega a ser engraçado.  Dei uma volta pela praça e sentei num banco para pensar no que havia acontecido. Percebi a presença de alguém ao meu lado. Ignorei. Deveria ser um velhinho dando comida aos pombos. 
- Matt.
Não era um velhinho. 
- Helena? 
- Tenho que conversar com você.
- Tem mesmo. O que foi aquilo? Conte-me do início.
- Então... Primeiramente, preciso te pedir desculpa. Eu sabia de tudo: do sequestro, do ritual, do Buig...
- O que?!
- Meus pais são os fundadores da seita. Há cinco anos, tudo era calmo e organização na seita era plena até Buig e seu irmão entrarem. Buig sempre fora muito devoto e dedicado às atividades dos Taigãs. Porém, seu irmão era sádico, violento e ambicioso apesar de não demonstrar. Certa noite, eu ouvi barulhos estranhos no quarto dos meus pais e fui ver o que acontecia. Quando cheguei ao quarto deles, os corpos dos meus pais estavam totalmente flagelados e sem algumas partes. Chuck, irmão de Buig, havia os comido. Fiquei horrorizada e me tornei essa menina fria que todos na escola conhecem. Desde ai, Chuck, assumiu o poder na seita. Eu poderia assumir, porém não queria. 
- Meu Deus... 
- Eu não aguentava ouvir a voz de Chuck, mas eu tinha que continuar indo as reuniões em honra aos meus pais. Certo dia, nos corredores, Chuck me chamou e me obrigou a pegar informações com você sobre sua irmã falando que ela era a "mulher do tigre", mas não poderia falar nada com você. Me corroí de raiva, pois não conseguia acreditar que uma pessoa poderia ser tão fria. Então, fiz o que ele mandou. 
- Helena..
- Mas, quando chegou o dia do ritual, quando vi sua irmã lá , esticada e nua, lembrei de você. Lembrei do meu sentimento por você. Matt, nossa amizade não foi só por causa de informações. Você me trouxe de volta a alegria. Percebi que você se importava comigo. Tinha horas, que me esquecia do motivo real em estar com você, pois você me cativava - Helena começara a chorar - Você tem todos os motivos do mundo pra me odiar, mas eu precisava falar isso -  Fiquei sem reação - Eu te amo, Matt. E por tanto te amar, eu matei Chuck. 
- Então quer dizer que aquele que você lançou o raio era...
- Sim, era o Chuck. Se não o fizesse, ele iria matar sua irmã e eu iria te perder. Matt... - Abracei Helena e lhe dei um beijo. - Matt?
- Eu também te amo Helena. Independente disso, eu já te amava antes de tudo acontecer. Você só precisava me corresponder. Agora, tudo já passou. Estamos aqui, juntos. - Dei muitos beijos no seu rosto, enquanto limpava suas lágrimas. Fomos andar. Como um casal, um casal! Tudo havia acabado. E, por causa do amor, com um final feliz. Agora, só desejava que aquilo não fosse um sonho. Abracei Helena bem forte. É não era um sonho. 
 



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