Estava muito escuro. Aos poucos se tornava impossível enxergar. Porém,
minha audição estava mais aguçada do que nunca. Ouvia um gemido que estava se
tornando em gritos desesperadores a medida que ia me ajustando ao local. Via
vultos. Muitos vultos. Decidi acreditar que era minha visão periférica. Mas,
mesmo assim, me faziam ficar com medo. A voz que ecoava do final do
corredor estava ficando mais forte. Era como se uma pessoa estivesse sendo
molestada por seus próprios medos. Decidi me aproximar. No corredor onde eu me situava,
havia muitas janelas. Temia o que sairiam delas. Quando dei meu
primeiro passo ao encontro da voz, várias criaturas parecidas com aranhas
gigantes começaram a sair das janelas. Parcialmente, pareciam aranhas comuns.
Conforme fui observando, vi que as criaturas possuíam faces humanas e uma
boca parecida a de um jacaré. Elas gritavam com ódio. O que me fez gritar. Não estava
entendendo o que acontecia, mas era assustador demais. O grito
era inevitável. A voz, que ouvi quando cheguei a aquele lugar, suplicava
por socorro. Era uma voz muito familiar. O que me deixou mais desesperado.
Precisava atravessar aquele corredor cercado de
"aranhas-homens-jacarés". No três, entrei naquele redemoinho de
bichos assustadores. Eles me agarravam e rasgavam minha roupa. Tentava me
livrar, mas era, praticamente, impossível. Suas presas cravavam em
meu braço e eu já chorava de dor. Encharcado de sangue, cheguei ao final do
corredor. As criaturas desapareceram derrepentemente e o cessaram-se os
gritos. O lugar ficou num silêncio mortal. Abri a porta que estava no final do
corredor. Estava suando frio. Meus olhos cheios de lágrimas. Ao abrir a porta completamente,
deparei-me com um corpo completamente esquartejado. Seus olhos estavam ao lado
dos seus braços enquanto suas pernas estavam quebradas e viradas para o lado
contrario. Gritava muito. Perguntava-me quem havia feito isso com ela. Era um
corpo feminino, pois seus cabelos haviam sidos cortados e espalhados por todas
as partes do seu corpo flagelado. Eu
chorava desesperadamente tentando sair daquele pesadelo. Mas como?
Derrepente, ouvi uma voz. A voz que iria me salvar.
-
Matt, Acorda! Pelo amor de Deus , acorda!
Acordei procurando por oxigênio. Estava completamente encharcado de suor
e, segundo minha irmã, eu estava gritando muito.
-
Está tudo bem? - disse minha irmã - Mais um daqueles pesadelos?
-
Tudo bem. Sim, mais um daqueles pesadelos. Mas já tá tudo certo.
-
Vou buscar um copo com água pra você.
Era mais um daqueles pesadelos. Porém, com uma única diferença. Neste,
eu havia reconhecido o corpo esquartejado. Era de Mary, minha irmã.
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