segunda-feira, 26 de novembro de 2012

# O desespero dos inconsciêntes - 05

Sugestão de música pra ouvir-se enquanto lê o texto: 
Night of the Hunter - Thirty Seconds to Mars ( Unplugged) 
   
   O lugar cheirava a mofo e os meus braços estavam dormentes. Não me lembrava como chegara a aquele lugar. Minha cabeça doía. Provavelmente deveria ter levado uma boa surra e desacordara. Mesmo naquela situação, eu estava preocupada com Dan. Seria demais para mim perder meus pais e perdê-lo agora. Idepedente de tudo ele era meu amigo. Enquanto pensava na dor que sentiria caso isso acontecesse, dois dos irmãos Cruz estavam sentados em uma mesa  comendo alguma coisa. O lugar era escuro e não conseguia identificar o que era pelo olfato. Abby não estava ali. O mais perigoso de todos não estava ali. Isso me tirou o sossego. Ele poderia ter matado Dan ou, talvez, dado umas boas surras. Pensar nas cenas de Abby o molestando me deixava agonizada. Os irmãos presentes no quarto onde eu estava olhavam pra mim e comentavam coisas que eu não conseguia entender. Derrepente, uma batida na porta interrompeu suas tagarelices. Era Abby e um dos seus irmãos. Ele estava com Dan. Ele havia o desfigurado. Dan estava com o rosto coberto de sangue. Suas pálpebras estavam muito enchadas e roxas. Parecia que Abby havia quebrado todos os ossos que estruturavam o rosto de Dan.
       - ¡Qué cosa más bonita! - disse Abby sárcastico - El niño quería vengar papá y todavía traz compañera para ayudar! (Que coisa mais bonita! O filhinho quer se vingar do papai e ainda traz a namoradinha!)
       - Cala a boca Abby! - gritou Dan com muita dificuldade.
       - ¡Ah! Ella no lo sabe? ( Ah! Ela não sabe?)
       - O que eu não sei Dan? - perguntei e ele não respondeu.- O que eu não sei Dan!?
       -Oh! ella se sintió ofendido! - gritaram os outros irmãos entre os risos. (Oh! Ela se ofendeu! )
       - Diga Dan!
       - Eu...Eu...S-s-ou...Eu sou filho de Abby.
       - O que?
    As lágrimas desciam pelos meus olhos voluntáriamente. Eu confiei em Dan em todo esse tempo sem saber ao menos o nome de seus pais. Me sentia idiota. O pior era pensar que Dan era...Dan era...Meu irmão. Todo os meu sentimentos, todos os planos eram em vão. Por mais que eu negasse a mim mesma, não queria Dan como meu amigo e muito menos meu irmão. Olhei para ele e uma lágrima corria sua pele machucada a queimando. Estávamos chorando juntos pela mesma dor.
    - Oh! ¡Qué lástima! Desde niño me ha enseñado a no poner la mano donde no se puede llegar. Pero no se oyó nunca me Daniel Cruz? Ahora, hijo, yo no puedo permitir que siga en mi camino o su bella novia. Abdón, mantenga la niña y tomar lo que te gusta! (Oh! Que dó! Desde pequeno eu te ensinei a não colocar a mão onde não alcança. Mas você nunca me ouviu não é Daniel Cruz? Agora filhinho, eu não posso deixar que você continue no meu caminho nem sua linda namorada. Abdon, segure a moçinha e pegue aquilo que você adora!)
    Abby pegou uma arma que estava presa na parede, arrastou Dan até uma cadeira e o amarrou. A corda o apertava e fazia com que ele tivesse dificuldade de respirar. Enquanto isso, Abdon pegou um facão enorme e o posicionou no meu pescoço. Todos os irmãos riam como se aquilo fosse atrações de um circo. Olhei para Dan e com uma expressão triste, ele susurrou "Desculpe". Minhas lágrimas escorriam até a lâmina que ia me matar. Fechei os olhos e esperei aquela que me desejava.
    - A las tres Abdon. 1, 2 ..
    - 3, Abby.
    Num rompante, Aaron, um dos irmãos , acertou um tiro na cabeça de Abby. Sangue jorrava por todos os lados. Paralizado, Abby caiu agonizando no chão indo em direção a morte, seu merecido presente. Enquanto isso, Abdiel agarrou Aaron e acidentalmente a arma disparou e acertou no peito de Abdiel.Só restava Abdon. A faca já estava cortando as minhas primeiras camadas de pele quando Aaron jogou a arma na cabeça do irmão fazendo-o distrair-se e rápidamente pegou a faca de sua mão e cometeu um assasinato fraternal.
    -¡Basta ya! - disse Aaron.
    Estava em estado de pânico. Nunca tinha presenciado mortes tão trágicas. A raiva apoderara-se do corpo de Aaron. O chão estava coberto de sangue.
    - Por quê? - Perguntou Dan quebrando o silêncio.
    - Todo fue una mentira Usted Dan no era hijo de Abby. Tú eres mi hijo. (Tudo não passava de uma mentira Dan. Você não era filho de Abby. Você é meu filho.)
    Perplexa e assutada eu não entendia mais nada. Precisava de explicações urgentes. Porém, explicações não mudariam meu estado de alívio. Alívio por não correr risco de vida e por saber que Dan não é meu irmão.

                                   

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